Em O Conto da Aia, Margaret Atwood nos leva à distópica sociedade de Gilead, local em que um governo teocrático dita completamente a forma de vida dos seus cidadãos. Nossa protagonista se chama Offred (Of = de + Fred) e ocupa o papel de aia nessa sociedade extremamente misógina.
Em Gilead, todos aqueles que não estão encaixados nos padrões impostos pelo governo são “descartados”. As mulheres são divididas em níveis de hierarquias e ocupações de acordo com a posição que se encontram. Temos as esposas, casadas com comandantes de alta patente no governo gileadiano; as econoesposas, casadas com homens que não ocupam nenhum cargo importante no governo; martas, mulheres que servem às esposas dos comandantes; aias, mulheres que ainda têm úteros férteis; tias, mulheres que tem papel ativo no regime vigente e são responsáveis pela doutrinação das aias; e as não-mulheres, mulheres que não se encaixam em nenhuma dessas castas e são enviadas a campos de trabalho forçado.
Na sociedade gileadiana, as aias são obrigadas a servir a algum comandante e servir como “barriga de aluguel” para suas esposas inférteis, baseados numa passagem da bíblia. Os fundadores de Gilead utilizam, de forma deturpada, as passagens da bíblia para comandar, de forma extremamente misógina todos aqueles que ali vivem, e por se basearem em conceitos distorcidos, têm-se uma sociedade extremamente excludente para gays, mulçumanos, judeus, homens e mulheres que se casaram mais de uma vez.
A leitura de O conto da aia é uma leitura consideravelmente densa e repleta de gatilhos, dado o teor do contexto. Margaret Atwood consegue fazer o leitor imergir de uma forma tão sutil e ao mesmo tempo tão impactante nessa narrativa que é quase impossível não fazer um paralelo entre a distopia e a nossa realidade.